domingo, 1 de maio de 2022

Shogi - XADREZ



Shogi (em japonês: 将棋, shōgi / pronúncia em japonês: [ɕo̞ːŋi] ou [ɕo̞ːɡʲi] ), também conhecido como Xadrez Japonês ou Jogo dos Generais, é um jogo de estratégia de tabuleiro para dois jogadores, sendo a variante japonesa do xadrez. É a variante mais popular do xadrez no Japão.

O shogi foi a primeira variante do xadrez em permitir que peças capturadas retornassem para o tabuleiro através do jogador que as capturou. Essa regra de reposição das peças é especulada em ter sido inventada no século XV e possivelmente está associada a prática de mercenários do mesmo século trocarem sua lealdade quando capturados ao invés de serem mortos.

O mais antigo predecessor do jogo foi o chaturanga, originado na índia no século VI, e o jogo foi levado provavelmente para o Japão através da China ou Coréia em algum momento do período Nara. O Shogi na sua forma atual já era jogado no início do século XVI, enquanto que um predecessor da regra de reposição está registrado no histórico documento Nichūreki, o qual foi editado e copiado dos registros Shōchūreki e Kaichūreki no final do período Heian (c.1120).
A visão tradicional diz que o xadrez foi introduzido no Japão no período Nara (704 a 790 d.C.). Se isto for verdade, há uma forte evidência contra a origem indiana (chaturanga) do xadrez japonês, porque é improvável que o chaturanga pudesse ser inventado na Índia em 650 a.C., cruzado a Caxemira até a China, e então atravessado toda a China e o Mar do Japão, para chegar ao Japão em apenas cem anos.

O chaturanga apareceu na Índia em época não anterior ao século VI. Há uma profusão de material literário disponível em sânscrito, indo até 1500 a.C. Se o chaturanga tivesse existido antes do século VI, é quase certo que isso teria sido mencionado em algum lugar.

Realmente, são tantas as diferenças entre o xadrez chinês e o japonês que os especialistas no Japão não acreditam que ele tenha vindo diretamente da China ou da Índia, ou mesmo da Coreia (o xadrez coreano é relativamente semelhante ao xadrez chinês). Ao contrário, eles supõem que o processo evolucionário demorou muito mais tempo, certamente muitos centenas ou talvez até mil anos. Não foi senão em torno do século V que o próprio go chegou ao Japão vindo da China, apesar do go ter se desenvolvido na China por mais de dois mil anos até então, e o Confúcio o mencionar no século V.

O xadrez japonês evoluiu na direção oposta à do xadrez ocidental. No xadrez ocidental, derivado do chaturanga, as peças foram ficando cada vez mais fortes. No xadrez japonês, elas ficaram gradualmente mais fracas porém mais agressivas, já que geralmente perderam sua capacidade defensiva. A peça do canto tornou-se a lança japonesa, que, como a torre, pode se mover para a frente, mas, ao contrário da torre, não pode ir para os lados ou para trás. (Um dos caracteres para a lança japonesa ainda é o mesmo que o caractere chinês para a biga). O cavalo do xadrez chinês tornou-se a "kiema" no xadrez japonês, que se move como um cavalo, mas somente para a frente, não para os lados ou para trás. Talvez o nome "kiema" seja derivado de "ma", que é a palavra falada para cavalo em chinês. (O "cavalo" em si, no xadrez japonês, é uma peça totalmente diferente, o bispo promovido, e foi acrescentado muito depois). O elefante no xadrez chinês tornou-se o "prata" no xadrez japonês, que se desloca uma, e não duas, casas diagonalmente e também pode se mover uma casa para a frente. O chanceler tornou-se o "ouro" japonês, uma peça um tanto diferente mas também fraca. O rei continuou um rei e os peões continuaram peões. Os peões japoneses andam e capturam do mesmo modo que os peões chineses, uma casa para a frente, e não capturam diagonalmente como no xadrez ocidental.

Já que essas diferenças, que são bem maiores que as diferenças entre o xadrez ocidental e o chinês, não podem ser explicadas apenas pela simples introdução no Japão, os japoneses acreditam que o jogo seguiu uma improvável rota através da península malaia e de lá entrou no Japão. Apoia essa tese o fato de que o xadrez burmês e o tailandês têm uma peça que se move exatamente como um prata no xadrez japonês. Finalmente, acreditam os japoneses que o período entre os séculos 13 e 15 trouxe a reintrodução da torre e a introdução do bispo. Isso explica a estranha posição da torre e do bispo no shogi, comparando com outros jogos similares ao xadrez. Kimura, Yoshinori, "Uma Introdução ao Shogi – Passado e Presente", Revista Trimestral de Shogi Ocidental, Federação Norte-Americana de Shogi, No. 3, p. 3, Outono, 1985.

Acredita-se que a maior parte dessa evolução ocorreu dentro do próprio Japão. Os japoneses experimentaram largamente, e sugeriram mais de trinta tipos diferentes de peças num jogo chamado "grande shogi" e 21 peças no "médio shogi", comparadas às apenas oito do shogi moderno, sete do xadrez chinês, sete do xadrez coreano e seis do xadrez ocidental. Havia também o "grande shogi" e muitos outros tipos de shogi, vários dos quais gozaram de considerável popularidade em alguma época. O resultado final foi o jogo atual, tradicionalmente chamado "pequeno shogi", que contém muitas características que nenhuma outra forma popular de xadrez tem, inclusive o fato de as peças capturadas tornarem-se parte do exército inimigo, podendo reentrar no jogo, e de seis dos oito tipos de peças terem a possibilidade de ser promovidas a outra peça, uma vez que adentram o território inimigo. As peças japonesas também perderam sua cor e tornaram-se pentagonais em vez de circulares. Essas enormes mudanças não podem ser explicadas por qualquer processo evolutivo, que normalmente é lento. A única explicação possível é o fascínio japonês pela exerimentação e pelo aperfeiçoamento de qualquer ideia que se introduza em seu país. O xadrez chinês também chegou à Coréia, mas relativamente poucas mudanças foram feitas.

Com relação ao antigo xadrez chinês, uma ideia controversa mas sólida em evidências afirma de que o xadrez original (anterior ao chaturanga) foi criado na China em 204-203 a.C. por Han Xin, um líder militar, embora a maioria dos especialistas ocidentais não aceite essa tese. Há duas referências ao xadrez na antiga literatura chinesa. A primeira foi de uma coleção de poemas conhecida como "Chu Chi" durante a Dinastia Chou (1046 - 255 a.C.). A segunda é de um famoso livro conhecido como "Shuo Yuan". Ambos são bem conhecidos na literatura chinesa. O fato de o antigo xadrez chinês também ter uma torre, um rei, um peão e um bispo, todos eles ocupando as mesmas posições iniciais no tabuleiro e com os mesmos movimentos e os mesmos significados que no conhecido antecessor medieval do xadrez moderno, é notavel. Em vista da conhecida história chinesa de isolacionismo, é improvável que um jogo de origem estrangeira possa ter entrado neste país vindo do exterior e se tornado tão imensamente popular entre os seus habitantes. Em vez disso, é mais lógico afirmar que ele se originou na China, se espalhou para a Ásia Central e chegou à Pérsia em torno do século VII. Sua chegada lá se deu num momento oportuno, pois o islamismo estava em seu início e começava a se expandir para a Índia e a Europa.






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