quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Ganesha e sua história

Sânscrito: Om Gam Ganapataye Namaha


Tradução: Om e saudações àquele que remove obstáculos do qual Gam é o som seminal.” ou “Eu te saúdo, Senhor das tropas”.


O mantra é uma saudação invocando Ganapati, um dos nomes do Deus Ganesha, para remover todo tipo de obstáculo, seja emocional, material ou espiritual.

OM é a invocação primordial, estabelecendo contato entre o praticante e a divindade.

GAM é um verbo sânscrito, que significa ir, mover-se, afastar-se, vir, aproximar-se, unir-se; No Ganesha Maha Mantra significa a sílaba sagrada que representa o próprio Senhor Ganesha.

GANAPATI é um dos nomes que Ganesha recebe. A palavra pode ser dividida em duas: GANA+PATI e assim, GANA significa TROPA e PATI significa SENHOR.

NAMAS é adoração. No mantra aparece como NAMAH.

Ganesha é filho de Śiva e Pārvatī. 
O nome deriva da combinação das palavras sânscritas Gaṇa (multidão, exército) e Īśa (Senhor) = Ganesha – Senhor de todos os seres.

O mito sobre Ganesha, conforme está escrito nas Purāṇas, nos conta que Śiva ausentava-se muito de casa e passava longos períodos de retiro nas montanhas.

Nessas ocasiões, Pārvatī ordenava a um guardião que não permitisse a entrada de ninguém em seu palácio sem sua autorização.

Todos os guardiões, entretanto, falharam em seguir a ordem de Pārvatī quando se tratava de Śiva querendo entrar em sua própria casa.

O nascimento de Ganesha


Pārvatī decidiu, então, colocar uma pessoa que obedecesse somente ordens suas e não deixasse nem mesmo Śiva entrar, e criou de sua própria matéria um boneco dando-lhe vida como seu filho, tornando-o seu guardião particular.

Um dia, Śiva em pessoa, voltando do Monte Kailaśa, quis entrar no palácio de Pārvatī, enquanto ela se banhava, e o menino impediu-o de passar. Nenhum argumento foi suficiente para que ele mudasse sua atitude de obediência incondicional a Pārvatī.

Seguiu-se uma luta feroz entre o exército de Śiva e Ganesha, o qual lutou bravamente contra todos e resistiu durante muito tempo até ter sua cabeça mortalmente separada do tronco pelo triśūla de Śiva.

Pārvatī, ao ver seu filho morto, ameaçou desabar o mundo com sua ira. Śiva, então, apercebendo-se do alcance desse seu ato, arrependeu-se e pediu a Pārvatī seu perdão. Ela consentiu em perdoá-lo com a condição de que ele restituísse a vida a seu filho.

Śiva, então, deu ordem a seus Gaṇas que fossem em direção ao norte e trouxessem a cabeça do primeiro ser vivo que encontrassem no caminho. Aconteceu assim que foi um elefante com uma das presas quebradas que eles encontraram.

Então Śiva colocou a cabeça desse elefante no corpo do menino e este reviveu, com cabeça de elefante. Śiva reconheceu-o como seu filho, dando-lhe o nome de Ganesha.

Como todas as lendas encerram dentro de si um significado maior, vamos descobrir a simbologia da estória de Ganesha. Primeiro, a história mostra que Ganesha tem um corpo físico “criado” por Pārvatī, símbolo da matéria perecível, ou seja, que é humano. Mostra também que ele “não conhece” o pai (Śiva, a Realidade Suprema).

Quando Pārvatī solicita sua proteção ele a obedece incondicionalmente (cuida da matéria, é apegado a ela). Quando seu pai “chega”, luta com ele (não quer perder a individualidade), não o reconhece, mas luta com bravura, pois quer cumprir o seu dever.

O pai admira sua coragem mas, não podendo deixá-lo vencer, corta sua cabeça (o ego, a mente, a arrogância) e ele “morre”. Pārvatī, zangada com a “morte” do filho, mostra a matéria não querendo perder seu “nome e forma”. Shiva coloca uma “nova cabeça” no filho, que renasce pelas mãos de Shiva, nascendo do Supremo.

Pārvatī, ficando contente com as promessas de Śiva de que seu filho será reverenciado no início dos rituais e cerimônias e antes de qualquer empreendimento, mostra que a “perda” da individualidade é o ganho do Absoluto, da Plenitude.

O sábio vence todos os obstáculos e depois “morre”, “perde a cabeça”, para ganhar uma “nova” dada por Shiva, o Absoluto.

Os dois primeiros passos para a auto-realização, śravaṇam, escutar o Ensinamento, e mananan, refletir sobre ele, são representados pelas enormes orelhas e cabeça de elefante.

A tromba representa Viveka, a capacidade de discriminação que sempre desponta da Sabedoria. O intelecto do homem comum está sempre preso entre os pares de opostos (as presas).

O sábio não é mais afetado por esses pares de opostos (frio-calor, prazer-dor, alegria-tristeza, etc), tendo atingido um estado de eqüanimidade (representado pela presa quebrada) e com sua discriminação compreende o mundo material e o transcendental, como a tromba que faz trabalhos grosseiros (arranca árvores, etc) ou sutis (pega uma folha do chão).

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