terça-feira, 11 de junho de 2019

Tradições MORTE

O texto a seguir esclarece bem os fatos da modernidade.

Mas faltou alguns topicos, algumas civilizações ainda hoje queimam seus falecidos, os Vikings, os gregos, os indianos... em respeito, por misticismo, por higiene... motivos diferentes que levavam a humanidade a criar ritos para se despedir dos seus.

A guerras, as catastrofes, nos levaram a fazer isso de forma triste, mas o progresso e a fé trouxeram uma nova visão de homenagem, e inclusive ao erro, areas imensas destinadas ao abandono ou a falta de condições, ao descaso de governos q nos tiram um fim digno, triste mas o cemitério só é bonito p quem tem grana, o pobre engavetado ou enterrado como indigente sofre até o seu ultimo momento... felizes as culturas que preservam a dignidade e não desrespeitam a terra.


"Esta a morte perfeita, nem lembranças,
nem saudade, nem o nome sequer. Nem isso..."


(Venha ver o pôr-do-sol - Lygia Telles)


Aconteceu no mundo inteiro, um fenômeno curioso no final do século XVII. Por medida sanitária os sepultamentos passam a realizar-se em área aberta, nos chamados campos-santos ou cemitérios secularizados.

Isto já não era novidade, japoneses, chineses, judeus e outros povos já traziam tradicionalizada a inumação a "céu aberto". Os protestantes também, em muitos países o faziam. A mudança afetou principalmente os povos de predominância católica. No Brasil, o enterro fora da igreja era reservado aos não-católicos, protestantes, judeus, muçulmanos, escravos e condenados, até que por lei, inspirada na correlação que se fez entre a transmissão de doenças através dos miasmas concentrados nas naves e criptas das igrejas, se instalaram os campos de sepultamento ensolarados.

Um outro motivo, que embora não diga respeito a realidade brasileira merece ser citado, diz respeito a laicização do Estado e sua separação da Igreja. Um exemplo digno de nota é o caso do Père Lachaise de Paris, que apesar de receber o nome de um padre católico abriga tanto pessoas de várias religiões quanto não-religiosos, sendo um dos dos primeiros cemitérios laicos e também um dos mais famosos do mundo.

A urbanização acelerada e o crescimento das cidades é também uma importante razão para a criação dos cemitérios coletivos a céu aberto, visto que o crescimento populacional desenfreado não permitia mais o sepultamento em capelas e igrejas, que já não comportavam o aumento da demanda.

Numa primeira impressão o fato parece ter explicação simples, mas quando se atenta para o resultado ocorrido, sobre mais de um século, estudando-se o fantástico derrame de fortunas nas construções tumulárias pomposas, dos abastados de cada cidade, quando se verifica a diferença de comportamento entre a sepultura de igreja e a de construção livre arbitrada pela fantasia do usuário, e também quando se considera a história social e cultural do mesmo período, então se percebem outras razões no fenômeno. Não foi somente uma questão do ponto de vista higiênico, ou seja, uma razão metade prática e metade científica (e também política e social), da sociedade oitocentista. Se esta mudança acontecesse apenas por esse motivo, os cemitérios católicos em descampados teriam permanecido sóbrios e padronizados do mesmo modo que os erigidos por irmandades em mausoléus coletivos, ou como os de outras religiões.

A simplicidade dos padrões tradicionais e primitivos continuou caracterizando a sepultura coletiva enquanto o fausto e a arrogância da tumulária individual se desenvolveu espantosamente. Portanto, a verdadeira razão da grande mudança de atitude e gosto já existia há longos tempos no anseio de monumentalizar-se perante a comunidade. Era e sempre foi o desejo dos mais abastados, distinguir-se através de uma marca perene, de um objeto de consagração - o túmulo - pela atração de comparar-se aos grandes personagens da História, sem a menor cerimônia, incluindo nesta leva os soberanos, os faraós, os reis, os papas e os príncipes, que mereceram sepulcros diferenciados dos demais.

Há de fato túmulos monumentais de papas de acordo com a pompa de cada época, contudo sempre integrados à construção da igreja. Há papas que não restaram por virtudes, e sim pela eventualidade do valor artístico, ou monumental de seus túmulos. De qualquer modo, erigia-se a igreja como bem público, integrada ao uso coletivo, e nela se fazia a sepultura do seu doador e benfeitor...

Entretanto em muitas igrejas, originalmente levantadas para serem o jazigo do doador, este descansa sob uma lápide que nem perturba o nível do chão.

Texto original de Beatrix Algrave

Extraído e adaptado de www.beatrix.pro.br postado em: http://www.spectrumgothic.com.br/gothic/acervo_cemiterial/origem_cemiterios.htm

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