segunda-feira, 27 de julho de 2020

KINTSUGI OU A BELEZA DA IMPERFEIÇÃO


Origens

Objetos laqueados são uma tradição de longa data no Japão, e em algum ponto pode ter sido combinado com maki-e como um substituto para outras técnicas de reparação de cerâmica. 
Uma teoria é que o kintsugi pode ter se originado quando o shogun japonês Ashikaga Yoshimasa enviou uma tigela de chá chinesa danificada de volta à China para reparos no final do século XV. Quando foi devolvida, o reparo consistia de feios grampos de metal aparentes, então ele solicitou aos artesãos japoneses para procurarem um meio mais estético de reparação. Os colecionadores gostaram tanto da nova arte que alguns foram acusados de deliberadamente esmagar cerâmicas valiosas para que pudessem ser reparadas com as costuras de ouro kintsugi. 
O kintsugi logo se associou aos vasos cerâmicos usados no chanoyu (cerimônia de chá japonesa). 
Enquanto o processo é atribuído aos artesãos japoneses, a técnica foi aplicada a peças de cerâmica de outras origens, incluindo a China, o Vietnã e a Coreia.




Filosofia

Como uma filosofia, kintsugi pode ter semelhanças com a filosofia japonesa de wabi-sabi, a aceitação do imperfeito ou defeituoso. A estética japonesa valoriza as marcas de desgaste pelo uso de um objeto. Isso pode ser visto como uma razão para manter um objeto mesmo depois de ter quebrado e como uma justificação do próprio kintsugi, destacando as rachaduras e reparos como simplesmente um evento na vida do objeto, em vez de permitir que o seu serviço termine no momento de seu dano ou ruptura.

Kintsugi pode se relacionar com a filosofia japonesa de "não importância" (無心 mushin) que engloba os conceitos de não-apego, aceitação da mudança e destino como aspectos da vida humana.

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